O palco do futebol é um dos mais iluminados do mundo. Com todos os holofotes direcionados a este universo, tudo aquilo que acontece dentro e fora das quatro linhas tem repercussões de enorme escala. Exemplo disso é a discriminação de que foi alvo Marega, avançado do FC Porto, que voltou a levar a questão do racismo no desporto para as capas da imprensa nacional e internacional. Desta forma, continua a ser urgente trazer para cima da mesa um conceito basilar: a ética do futebol. Quando entramos em campo, são apenas os golos que contam?

A importância da ética no desporto

Façamos uma pequena viagem até ao século XIX. Nesta época, Pierre Coubertin, considerado o fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna, tece as primeiras reflexões sobre o conjunto de valores e princípios que deve servir de bússola orientadora aos desportistas. Falamos, claro está, do famoso “espírito olímpico”. 

Esse espírito consubstancia-se numa série de princípios que devem ser assumidos pelos atletas. Tratam-se de orientações simples mas fulcrais para uma vivência saudável da competição: o respeito mútuo, a amizade, a entreajuda, a aceitação do resultado, o fairplay, a tolerância, o respeito pelas regras, pelo adversário e pelo árbitro, a honestidade e a defesa da inclusão social em todas as vertentes. 

O desporto deve, pois, ser visto como um importante ponto de união, comunhão e amizade entre pessoas e países. Mas nem sempre tem sido assim: a ética do futebol, por exemplo, tem sido esquecida em inúmeros momentos. Por esse motivo, deve exigir-se que o desporto – com particular ênfase no futebol, pela sua popularidade – se afirme como uma autêntica escola de valores e cidadania. 

A ética do futebol: que valores nos devem nortear?

Um desporto que prime pela ética torna-se, evidentemente, num espaço mais seguro, acolhedor, motivador e realizador para todos os envolvidos. Com esta preocupação em mente, o Instituto Português do Desporto e Juventude elaborou um Código de Ética Desportiva, no qual são indicadas algumas práticas que devem ser seguidas por todos os atletas:

  • Recusar e denunciar a fraude ou manipulação de resultados, defendendo sempre a verdade desportiva;
  • Considerar os adversários desportivos como parceiros e não como inimigos, tratando-os com educação e cortesia;
  • Respeitar o seu próprio corpo, bem como o dos adversários, preservando-os de qualquer ofensa à sua integridade física e mental;
  • Repudiar a dopagem sob qualquer forma, protegendo desse modo a sua saúde e preservando a verdade desportiva;
  • Lembrar que à medida que se vão obtendo melhores resultados maiores serão as obrigações quanto à salvaguarda dos princípios do espírito desportivo, pois tornar-se-ão exemplo público de ética para todos, sobretudo para os mais jovens. 

Ora, a ética do futebol não pode ser imposta por decreto. Ela afirma-se pela prática e pela educação. Assim, deve exigir-se de todos os dirigentes, técnicos, praticantes e adeptos que assumam um compromisso na luta contra tudo aquilo que pode atentar contra a essência do desporto: a violência, o racismo, a xenofobia, o sexismo ou qualquer tipo de discriminação social. 

Na Field, lutamos por um mundo melhor e mais justo para todos. Dentro e fora das quatro linhas. Faz-te ao campo connosco e joga limpo!

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